sexta-feira, 6 de janeiro de 2012




Alma africana

Mostra Afro-Brasileira dos Palmares será aberta amanhã em Londrina reunindo 17 artistas e mais de 50 obras


18/11/2011 | 00:33 Fábio Luporini
Discutir a questão afro-brasileira é um dos objetivos da 26ª Mostra Afro-Brasileira Palmares, que será aberta amanhã em Londrina. Ao todo, 17 artistas participam e mais de 50 obras serão expostas na Vila Cultural Brasil, até o dia 10 de dezembro. O espaço volta-se à questão racial, mas recebe também obras com outras temáticas. Além do feriado londrinense do Dia da Consciência Negra, no domingo, a mostra destaca ainda o ano 2011 como o dos afrodescendentes, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“É tudo muito importante, por causa da questão racial, da cultura negra, afinal é uma data histórica em que se lembra a morte de Zumbi dos Palmares”, avalia o artista plástico Sérgio Soarez, baiano que expõe na mostra pela primeira vez neste ano. Ele lembrou que foi o poeta Oliveira Silveira, gaúcho e negro, quem idealizou o Dia da Consciência negra no mesmo da morte de Zumbi. “Mas não pode ter atividades somente neste dia. A gente tem que discutir a questão o tempo todo, durante o ano”, pondera.
“Nós, negros, nos sentimos muito orgulhosos para reafirmar essa condição num país que ainda tem sequelas racistas, como é o Brasil”, ressalta. Por isso, Soarez expõe em Londrina uma obra que faz referência à cultura afro, denominada Relevo para Ibeji. “A obra é toda feita com material reciclável. É madeira coberta com latinha, com espécie de jarros de barro”, explica. A montagem quer homenagear o orixá Ibeji. “É uma dupla de orixás de cada sexo que representa a energia das crianças”, aponta o artista, adepto do candomblé.
Mostrar o lado da afro-religiosidade é o objetivo da obra, trazida pelo próprio Sérgio Soarez a Londrina, na última segunda-feira. “Sou baiano e sou do candomblé”, diz. Além dele, outros artistas participam da exposição: Adriana Spíndola (SP), Edith Rizzo (Parati/RJ), Yoli (Jundiaí/SP), João Bosco (Ortolândia/SP), Julia Santos (Campinas/SP), e os artistas de Londrina Ariel Freire, Bhall Marcos, Kátia Borges, Lu Cilião, Welington Wiliam, Jajá Beluco, Cristiano Rodrigues e Primitivo Nogueira.
Na abertura, um coquetel bem típico. “Vai ter um caldinho de feijão, pinga e vinho”, brinca o artista plástico Agenor Evangelista, que participa da mostra e é um dos organizadores do evento. “A gente quer incentivar esses artistas a participarem da temática e repensar a questão do afrodescendente”, justifica Agenor. Uma das questões a serem discutidas é a lei 10.639/2003, que institui o ensino da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e particulares.
Este ano, o concurso de desenhos ligados à temática afro contemplou três estudantes de escola pública: João Victor Locatelli e Lorena Santos, primeiro e segundo colocados, ambos do Colégio Estadual Professor Paulo Freire; e Ayame Natasha Tanaka, do Colégio Estadual Marcelino Champagnan. Os estudantes ganharam pincéis, tintas e terão os desenhos expostos na mostra e em cartões telefônicos da Sercomtel.
Serviço: 26ª Mostra Zumbi – Abertura amanhã, às 19h30, na Vila Cultural Brasil (R. Uruguai, 1656). Até 10 de dezembro

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